A cratera, que se formou em agosto de 1986, consumiu oito casas e tornou pelo menos 150 inabitáveis.
28.dez.1986 - Buraco engoliu casas em Cajamar, na Grande SP. Imagem: Silvestre P. Silva/Folhapres.
Há 37 anos, a cidade de Cajamar testemunhava um episódio que ecoaria por décadas: o surgimento de uma cratera que abalou os moradores e redefiniu a paisagem local. O buraco, conhecido mundialmente, se tornou um marco na história da cidade, deixando cicatrizes que, hoje, contam uma história de superação e renascimento.
A cratera, que se formou em agosto de 1986, consumiu oito casas e tornou pelo menos 150 inabitáveis, porém, surpreendentemente, não causou ferimentos. O processo se assemelhou ao que ocorre em Maceió com a iminência do colapso de uma mina subterrânea. O estrondo inicial foi seguido por rachaduras nas paredes, levando à evacuação de 22 quarteirões.
O então prefeito Aristides Ribas de Andrade declarou estado de calamidade pública, desocupando residências próximas ao buraco em expansão. Especialistas do IPT descartaram a possibilidade de um terremoto, atribuindo o fenômeno à exploração do subsolo.
Mais de 3 mil pessoas foram realocadas para escolas e casas de parentes. A cratera, inicialmente com 10 metros de diâmetro, atingiu 60 metros em dois meses, estabilizando-se em dezembro de 1986. A água subterrânea emergiu no ano seguinte.
Um esforço colossal de mais de 1.100 caminhões aterraram a cratera, transformando o local no que hoje é chamado de "praça do buraco". A praça Alfredo Soria, erguida sobre a antiga cratera, é agora um espaço de convivência com quadras esportivas, pista de skate e um playground.
Muitos moradores afetados retornaram à região após o incidente. Djalma Rodrigues Costa, proprietário de uma casa próxima, recorda: "Não é que podia voltar, mas peguei minhas coisas e vim. Minha casa não sofreu danos, mas foi um transtorno."