Companhia desiste de construir aeroporto que ficaria entre os municípios de Cajamar e Caieiras, após não receber as autorizações necessárias.
O projeto, batizado de Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp), previa investimentos de 9 bilhões de reais - Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez
Depois de sete anos buscando obter as autorizações necessárias, a CCR anunciou nesta terça-feira, 18 de abril, a descontinuação do projeto de implantar um novo aeroporto na região metropolitana de São Paulo. Batizado de Projeto Nasp, o aeroporto ficaria entre os municípios de Cajamar e Caieiras.
Orçado em R$ 10 bilhões, o projeto também envolvia desenvolver um pavilhão de exposições, outlets, parque logístico e hotel. Para implementar o projeto, a CCR fechou um acordo, em 2016, para aquisição de um terreno da Companhia Melhoramentos, por R$ 387,4 milhões.
No contrato, estava previsto um prazo de sete anos para que a subsidiária criada para tocar o empreendimento confirmasse o estabelecimento do novo aeroporto, sob pena de devolução parcial do terreno. Como não conseguiu as autorizações dentro do prazo, que se encerrou em fevereiro, a CCR realizou a devolução do equipamento a 29,7% da área total do terreno aos antigos donos.
A concessionária herdou o Projeto da Nasp da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa em 2015, então controladoras da companhia, com estimativas de que poderia ser construído entre seis e sete anos. Mas ele nunca chegou a decolar.
Nos últimos anos, o setor aéreo se viu envolto com uma série de questões complicadas, que tiraram a força do projeto. Entre eles está o processo relicitação de Viracopos e a redução do número de viagens por conta da pandemia. Além disso, a JHSF Participações inaugurou, no final de 2019, o aeroporto Catarina.
A CCR bem que tentou levar o projeto adiante. Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, em junho de 2021, a empresa informou que o projeto teria demanda, diante das perspectivas de aumento do tráfego de passageiros e cargas. A descontinuação do Nasp vem num momento em que a companhia sinaliza que será mais seletiva na busca de ativos, sendo mais “racional” na alocação de capital, enquanto vai se recuperando dos efeitos da pandemia sobre suas atividades. “A companhia reforça aos seus acionistas e o mercado em geral que a descontinuidade do projeto do Nasp faz parte de sua estratégia contínua de crescimento qualificado e alocação racional de capital e segue atenta às oportunidades de valorização da parte remanescente do terreno”, diz trecho do comunicado.
O fim do Nasp não significa a saída da CCR do setor de aeroportos. Em 2021, ela arrematou dois blocos de terminais regionais leiloados pelo governo. O Sul é composto pelos terminais Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Londrina (PR), Joinville (SC), Bacacheri (PR), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). E o bloco Central conta com os aeroportos de Goiânia (GO), São Luís (MA), Teresina (PI), Palmas (TO), Petrolina (PE) e Imperatriz (MA).
No quarto trimestre, a CCR registrou um prejuízo de R$ 217,1 milhões, um aumento de 63% ante o resultado negativo do mesmo período de 2021. A receita liquida aumentou 15,7%, na mesma base de comparação, para R$ 3,3 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado caiu 27,9%, a R$ 1,06 bilhão. As ações da CCR fecharam o pregão de hoje com queda de 0,61%, a R$ 13. Em 12 meses, elas acumulam queda de 1,95%, levando o valor de mercado a R$ 26,2 bilhões