Pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que aproximadamente 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano.
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Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada nesta segunda-feira (7).
A pesquisa "Visível e invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil", reuniu 2.079 entrevistas feitas em 130 municípios de pequeno, médio e grande porte, entre os dias 10 e 14 de maio.
De acordo com os dados, para 25,1% das entrevistadas, a falta de autonomia financeira, impulsionada pelo aumento do desemprego, foi o que as deixou mais vulneráveis. Maior convivência com o agressor foi citado por 21,8%, e dificuldade de procurar a polícia, por 9,2%.
Ainda segundo o levantamento, 24,4% das participantes relataram ter sofrido violência no último ano - índice que equivaleria a cerca de 17 milhões de mulheres no Brasil. No geral, uma em cada quatro brasileiras sofreu algum tipo de violência no último ano, seja ela física, psicológica ou sexual. Entre as agressões físicas, houve oito casos a cada minuto.
Comparado à edição anterior, o resultado manteve-se estável, apesar de ter crescido a percepção de que a violência de gênero aumentou no período. A queda pode ser explicada pela diminuição de casos em bares, baladas, escolas e faculdades, de 29% para 20% em relação ao estudo anterior, ao mesmo tempo em que houve um aumento das agressões em casa, de 42% para 49%.
Apesar de companheiros e ex-parceiros continurem sendo a maioria entre os agressores, 43,5%, a violência intrafamiliar subiu de maneira preocupante, aponta a pesquisa. Pais e mães estão no topo da lista de familiares que mais agridem mulheres, representando 11% e um aumento de 4% em relação a 2019. Depois, estão irmãos, com 6% — cresceu 1%. O salto maior foi entre padrastos e madrastas para filhos e enteados: de menos de 1% para quase 5% dos casos.
Entre os casos de importunação sexual, em que a vítima é assediada com comentários constrangedores ou mesmo com contato físico não-consentido, as taxas também permaneceram similares, de 37,1% em 2019 para 37,9% atualmente.
Os índices de mulheres que disseram ter sido assediadas mudam bastante em relação à raça. Entre brancas, foram 30%, pretas, 52,2%, e pardas, 40,6%.