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02/05/2021 às 16h13

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"Mortes pressionam a Anvisa; políticos, não", diz diretora da agência
Em entrevista ao Poder em Foco, que vai ar neste domingo, Meiruze Freitas defende veto à Sputnik
Meiruze Freitas: "A pressão é a pandemia" | Reprodução
Ao não autorizar a importação da vacina russa Sputnik V, na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sofreu críticas de que teria agido politicamente. A negativa, no entanto, foi unânime e embasada em documentos apresentados pelo próprio fabricante que apontavam falta de estudos sobre a segurança da vacina. Questionada sobre as críticas durante entrevista ao programa Poder em Foco, que vai ar neste domingo (2.maio), a diretora da agência, Meiruze Freitas, foi direta.

"Quando você tem uma pandemia que ceifa tantas vidas neste país, isso já é a sua pressão. A pressão é a pandemia. O resto, relacionado às questões políticas, à pressão da mídia social, nós buscamos trabalhar apartados nessa discussão para que não contamine, justamente, a decisão que tem que ser baseada na ciência, nos dados, e em ofertar à população o que é o melhor".

Além do Ministério da Saúde, que fechou acordo de compra de 10 milhões de doses da Sputnik V, governadores que integram o Consórcio Nordeste negociaram a entrega de 37 milhões de unidades do imunizante russo. Mas, sem o aval da Anvisa, as vacinas não podem ser importadas, distribuídas e aplicadas na população.

Meiruze também comentou as interferências do Legislativo e Judiciário no trabalho da Anvisa. No começo do ano, foi aprovada, no Congresso Nacional, uma medida provisória determinando que a agência autorizasse, em cinco dias, o uso de vacinas já autorizadas por agências de outros países. Em abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, deu um prazo de 30 dias para que a Anvisa analisasse os pedidos de importação da vacina Sputnik V por estados.

"São prazos muito curtos, são prazos que comprometem, principalmente, uma avaliação científica. Mas, como decisão judicial se cumpre, a Anvisa vai avaliar e se ela não tiver condições de tomar uma decisão assertiva no processo, ela vai colocar isso pra população. A Anvisa não tem morosidade, mas um prazo muito curto atrapalha uma decisão do processo"

Atualmente, a Anvisa trabalha com o prazo de 10 dias para a análise de pedidos de uso emergencial de vacinas no Brasil. Já para registros definitivos de imunizantes, a agência pode levar até 60 dias para se posicionar.

Apontadas como a principal arma contra a covid, as vacinas não são o único foco da Anvisa, segundo Meiruze Freitas. "Tudo o que é covid é prioridade, não só a vacina. Os medicamentos utilizados na intubação traqueal, o famoso kit intubação, eles também são prioridade na avaliação da Anvisa".

Para ampliar a oferta de medicamentos e outros produtos durante a pandemia, a agência tem tomado algumas iniciativas, como explicou a diretora."A Anvisa fez simplificações de medidas, favorecendo que mais produtos entrem no mercado. Discutimos com as empresas para ampliar a produção nacional. Então, a Anvisa vem buscando, seja medicamento, seja álcool em gel, seja kit, sejam ventiladores pulmonares, oxigênio, tudo é prioridade".

Por outro lado, processos que não são relacionados à Covid-19 acabaram sendo deixados de lado e devem ter sua avaliação retomada à medida que a demanda de análises de vacinas e medicamentos diminuir.

"Isso comprometeu a avaliação dos produtos não Covid. É uma agência pequena, quando comparada com outras autoridades, e isso prejudica a avaliação dos medicamentos ou produtos não Covid", finalizou.

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